Livros no Blurb

sábado, 27 de dezembro de 2008

[Douro]

Ora um dia sucedeu que dois gigantes, um vindo de Trás-os-Montes e o outro da Beira Alta, mais gigantes na alma que no corpo, galgaram as serras, desceram as encostas e, depois de olhar os fundões do rio e provar o néctar dos frutos bravos, entenderam que aquela terra e aquele rio eram, pela sua áspera grandeza, dignos da labuta de gigantes. E resolveram meter o picão às fragas; reduzi-las a terrunha; amparar os seus "veios" estreitos com "socalcos" de pedra solta; e plantar sobre as escarpas, que eram sarças de fogo, os primeiros bacelos de videira.
Quando, mais tarde, voltaram, viram com surpresa que as vides carregavam e as uvas ressumavam um licor capitoso, que lhes dava leveza aos passos e alegria às almas.
Outros e mais outros, todos gigantes, vieram trazidos pela fama e, arquejando, dobrados sobre o chão, praguejando e gemendo, lacerando as mãos e os membros contra as lascas das ardósias, banhando a terra em suor e sangue, arrancaram do xisto novos "veios" que ampararam com novos "socalcos": e o que fora a montanha deserta, tornou-se em jardim suspenso.

Jaime Cortesão (Portugal — A Terra e o Homem)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Os meus livros 25

Capa do Livro Uma Viagem pelo Património Natural das Aldeias Históricas do Interior Beirão (Inatel, 2002)


Algumas páginas do interior do livro

Contracapa


Esta publicação coligiu praticamente todo o material escrito e fotográfico que produzi, no âmbito do projecto "Carta do Lazer das Aldeias Históricas", para cada um dos oito livros sobre as aldeias históricas de Linhares, Marialva, Castelo Rodrigo, Almeida e Castelo Mendo, Sortelha, Idanha-a-Velha e Monsanto, Castelo Novo e Piódão. Como tal, a área geográfica retratada abrange 23 concelhos do interior beirão (entre Douro e Tejo) e caracteriza e descreve o património natural deste vasto território bem como as suas particularidades geo-climáticas.
O livro encontra-se hoje provavelmente esgotado, tendo sido vendido quer pelo Inatel quer pela Fnac.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Laranja

Não precisas de mais. Tens tudo em ti:
perfume, cor, semente, gravidade.
Um sol te beija o rosto, no jardim,
e tombas quando tomba o fim da tarde.


António Luís Moita (Sal)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Animais, plantas e paisagens de Portugal 17




Guarda-rios (Alcedo atthis)


Trata-se de uma espécie inconfundível. A sua plumagem é, na face dorsal, de tonalidades azuladas com reflexos metálicos que contrastam com o alaranjado da face ventral. O corpo é bojudo, de forma oval, do qual mal se destaca a cabeça donde parte um bico grosso e robusto. Existe em todo o país embora se encontre em menor abundância no interior das regiões centro e norte. Ocupa uma grande variedade de ambientes aquáticos tanto dulçaquícolas como salobros, ou até mesmo marinhos (orlas costeiras, principalmente no Inverno). Nidifica em taludes de terra ou arenosos nos quais escava um orifício comprido que se termina por uma câmara onde deposita de cinco a sete ovos de cor branca. Apesar de também consumir insectos e anfíbios alimenta-se essencialmente de peixe.
Existe na Europa, na Ásia Central e Meridional, no Japão e no Noroeste Africano. De Inverno também ocorre no Nordeste Africano, na Arábia e na Indonésia.
Em Portugal é uma espécie residente relativamente comum embora localizada devido ao tipo de ambientes que frequenta. Na estação fria, o nosso país acolhe uma pequena a moderada população migradora.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Aesthetics

. . . although to the non-scientist the aesthetic of biology would mean simply the beauties of nature, to the biologist it means much more. For example, the surface beauty of a leaf is nothing compared to the beauty of its cellular structure and of the process of photosynthesis. Learning about these things just increases appreciation. This is contrary to the idea held by many non-scientists that analysis destroys beauty. This latter view is based on a lack of understanding and knowledge of the processes of science. This is why many of the biologist’s beauties are not appreciated by most non-scientists.

Maura Flannery (Perspectives in Biology and Medicine, 1992)


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cleaning Windows

Oh, the smell of the bakery from across the street
Got in my nose
As we carried our ladders down the street
With the wrought-iron gate rows
I went home and listened to jimmie rodgers in my lunch-break
Bought five woodbines at the shop on the corner
And went straight back to work.

Oh, sam was up on top
And i was on the bottom with the v
We went for lemonade and paris buns
At the shop and broke for tea
I collected from the lady
And i cleaned the fanlight inside-out
I was blowing saxophone on the weekend
In that down joint.

What's my line?
I'm happy cleaning windows
Take my time
I'll see you when my love grows
Baby don't let it slide
I'm a working man in my prime
Cleaning windows (number a hundred and thirty-six)

I heard leadbelly and blind lemon
On the street where i was born
Sonny terry, brownie mcghee,
Muddy waters singin i'm a rolling stone;
I went home and read my christmas humphreys' book on zen
Curiosity killed the cat
Kerouac's Dharma bums and on the road;

What's my line?
I'm happy cleaning windows
Take my time
I'll see you when my love grows
Baby don't let it slide
I'm a working man in my prime
Cleaning windows...


Van Morrison