Põe-se o Sol atrás do Monte,
Vermelha tarde outonal…
Há transparências no ar,
Laivos purpúreos,
Doirados,
Roxos,
Ocres,
Amarelados,
Todos os tons violentos
Que se possa imaginar…
(Os borregos já nascidos
Soltam, ao longe, balidos,
Regressa o gado ao curral.)
Da terra recém-rasgada,
Húmida, fresca, fendida,
P'lo arado violada,
Onde abriram os alqueives
Em leivas férteis, fecundas,
Surgem gigantes torcidos!…
Seus troncos são paus batidos,
Pelo suão já tisnados,
Exangues uns, outros sangrentos,
Testemunhos de tormentos,
De tanto viver já cansados…
Cantar-vos, quanto desejo!
Assim eu tivesse ensejo
E me fosse dado o jeito
Para libertar do peito
Todo o amor que vos tenho:
Sobreiros do meu Alentejo!
João Filipe Bugalho (Inédito, 1985)
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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