Livros no Blurb

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Os meus livros 6

Capa do volume "Região de Lisboa e Vale do Tejo" (Círculo de Leitores, 1991)

Capa do volume "Região de Lisboa e Vale do Tejo" (Temas & Debates, 1996)

Um aspecto do interior do primeiro volume

O primeiro livro a ficar pronto e a ser editado foi o da região de Lisboa e Vale do Tejo. Com ele passou-se uma história lamentável que nunca esquecerei.
Antes de entregar o manuscrito e as várias imagens para o trabalho de pré-impressão houve uma reunião no CL com os autores, o então presidente da LPN — o geólogo Miguel Magalhães Ramalho —, a Dra. Guilhermina Gomes e o administrador do CL da altura — Manfred Grebe. Nessa reunião, o presidente da LPN pediu-me que lhe facultasse o manuscrito para que o pudesse ler e apreciar, pedido ao qual acedi prontamente. Cerca de 1 dia depois recebo um telefonema do local de trabalho do Dr. Miguel Ramalho, solicitando a minha presença para uma reunião de urgência. Quando me encontro com ele diz-me que detectou uma série de erros ou incongruências no meu texto — dando-me alguns exemplos dos mesmos — e que a LPN não podia continuar a apoiar o projecto porque achava que não tinha qualidade. Chegou mesmo a dizer-me qualquer coisa como: "você já viu se a Clara Pinto Correia resolve fazer um artigo a dizer mal do livro?". Percebi nessa altura que estava em maus lençóis e que o presidente da LPN estava mais preocupado com ele do que com o prestígio da associação que dirigia. Após esta reunião vi "a vida a andar para trás". Pensei que iria ter de devolver a verba já recebida por conta do projecto ao CL e, eventualmente, ter de indemnizá-lo por prejuízos patrimoniais. Para além disso, todo o esforço e empenho investidos no projecto seriam para deitar para o lixo e a imagem da minha empresa iria sair de todo este processo muito fragilizada. Obviamente, os supostos erros que o presidente Miguel Ramalho tinha descoberto não eram erros nenhuns. Tanto a Dra. Guilhermina Gomes como o Sr. Manfred Grebe continuaram a confiar em nós, autores, e ficaram com uma péssima impressão da Liga e do seu dirigente. Escusado será dizer que a LPN deixou de ter qualquer papel no projecto. Quanto a mim, não só saí da direcção nacional como deixei de pagar as quotas de associado, em protesto contra a posição que o presidente, e por arrasto toda a restante direcção, assumiu em toda esta história (se fosse hoje talvez intentasse uma acção judicial contra a Liga para a Protecção da Natureza e/ou contra o seu presidente).
Após a publicação do primeiro volume dos Roteiros da Natureza houve quem continuasse a tentar denegrir o projecto e os seus autores com cartas e telefonemas endereçados ao CL, presumivelmente alguém ligado à LPN.
Felizmente, a colecção foi um sucesso e recebi cartas de muita gente, "dos 7 aos 77 anos", contando-me episódios a propósito deste ou daquele livro, reconhecendo situações nas fotografias publicadas ou apenas transmitindo o seu apreço pela obra. Os Roteiros da Natureza foram tão bem recebidos pelo público que o CL decidiu fazer uma segunda edição dos mesmos, alguns anos mais tarde, através da sua editora "Temas e Debates".
Este foi o projecto editorial de maior vulto no qual estive envolvido até hoje. Para além das muitas coisas boas que dele emanaram também serviu para tomar contacto de perto com o pior da inveja e mesquinhez humanas, a que teria de me habituar daqui para a frente.


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