Nas lezírias verdes, leiras de restevas,
Nos matos cerrados de urzes e de estevas,
Por charnecas tristes, montes escalvados,
Nos casais, nas quintas, junto aos povoados,
Pelos mais fragosos rudes alcantis
Vê-se de certeza rasto de perdiz…
Como o senhor bispo, o bom bispo velho,
Calça meia fina de setim vermelho;
O colar de penas que lhe adorna o peito
Lembra-me a corola de um amor-perfeito.
Mais esquiva e leve que ágil levandisca
Tem meneios gráceis de donzela arisca…
E a cabeça ao alto e o pescoço esguio
Dão-lhe ao fino porte distinção e brio.
Se enchoçada salta, pelo tempo mau,
Vai pelas encostas a dizer: "piau!"
Mas se venta o norte ou se faz suão,
Quando caem neves, gelos e granizos,
Disparando voos lá vai ela então
Mais veloz que as setas a tinir os guizos!…
Fausto José (É El-Rey Que Vai à Caça, 1951)
Nos matos cerrados de urzes e de estevas,
Por charnecas tristes, montes escalvados,
Nos casais, nas quintas, junto aos povoados,
Pelos mais fragosos rudes alcantis
Vê-se de certeza rasto de perdiz…
Como o senhor bispo, o bom bispo velho,
Calça meia fina de setim vermelho;
O colar de penas que lhe adorna o peito
Lembra-me a corola de um amor-perfeito.
Mais esquiva e leve que ágil levandisca
Tem meneios gráceis de donzela arisca…
E a cabeça ao alto e o pescoço esguio
Dão-lhe ao fino porte distinção e brio.
Se enchoçada salta, pelo tempo mau,
Vai pelas encostas a dizer: "piau!"
Mas se venta o norte ou se faz suão,
Quando caem neves, gelos e granizos,
Disparando voos lá vai ela então
Mais veloz que as setas a tinir os guizos!…
Fausto José (É El-Rey Que Vai à Caça, 1951)
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