Livros no Blurb

domingo, 16 de setembro de 2007

Quinta das Canadas 7

Castanheiro multissecular parcialmente seco

Folhas de castanheiro em contra-luz

Em meados de Novembro após a apanha da castanha

Castanheiro com cerca de 50 anos

Os castanheiros plantados há cerca de 50 anos estão a secar provavelmente devido a causas diversas (i.e. má condução do povoamento, doenças)


Ao contrário do castinçal, que é um povoamento de castanheiro (Castanea sativa) denso para a produção de material lenhoso, o soito é um povoamento em estrutura de parque — um pouco como no caso dos montados — direccionado para a produção de castanha. Na quinta existem dois tipos de soito: um recente, plantado ao abrigo do programa de reconversão de área agrícola em área florestal, que ainda não iniciou a produção de fruto e que se apresenta mais como um terreno aberto do que como uma formação arbórea; o segundo tipo encontra-se em produção há muitos anos e é constituído quer por árvores relativamente jovens (± 50 anos) quer por enormes "edifícios vegetais", multisseculares, que resistiram às inclemências do clima e às asneiras do Homem. Nestes últimos são evidentes as marcas deixadas pelos raios que ao longo do tempo os foram atingindo. Estes verdadeiros monumentos naturais constituem, por si próprios, um verdadeiro ecossistema. Nos interstícios do lenho e agarrados ao tronco e aos ramos multiplicam-se diversos organismos epífitos de que são sobretudo exemplo líquenes e fetos. Nas cavidades do tronco, que apresentam diferentes envergaduras, refugiam-se e/ou reproduzem-se aves de rapina nocturnas, morcegos, o pardal-francês (Petronia petronia), pica-paus, estorninhos e mamíferos carnívoros como a geneta (Genetta genetta) ou a fuinha (Martes foina).
No sob-coberto existe apenas um estrato herbáceo que apascenta o gado ovino, produtor de queijo da serra, frequentado por animais associados a meios relativamente abertos e estruturalmente simples. No outono, aquando da queda da castanha, o javali (Sus scrofa) procura o soito com frequência. O gaio (Garrulus glandarius) e o esquilo (Sciurus vulgaris) contribuem para a dispersão do castanheiro, o qual mais tarde encontramos a crescer no parque florestal, no carvalhal ou até nas galerias ribeirinhas. Na quinta, o soito também tem uma outra função ecológica: a de dormitório. Com efeito, no final do Verão bandos de estorninhos, de gralha-preta (Corvus corone) e de outras aves bem como algumas aves de rapina migradoras como a águia-cobreira (Circaetus gallicus) ou a águia-calçada (Hieraeetus pennatus) aqui pernoitam.


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