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sábado, 22 de setembro de 2007

O Sapo

Sapo (Bufo bufo)



Não há jardineiro assim,
não há hortelão melhor
para uma horta ou jardim,
para os tratar com amor.

É o guarda das flores belas,
da horta mais do pomar;
e enquanto brilham estrelas,
lá anda ele a rondar…

Que faz ele? Anda a caçar
os bichos destruidores
que adoecem o pomar
e fazem tristes as flores.

Por isso, ficam zangadas
as flores, se se faz mal
a quem as traz tão guardadas
com seu cuidado leal.

E ele guarda as flores belas,
a horta mais o pomar;
brilham no céu as estrelas,
e ele ronda, a trabalhar…

E ao pobre sapo, que é cheio
de amor pela terra amiga,
dizem-lhe muitos que é feio
e há quem o mate e persiga!

Mas as flores ficam zangadas,
choram, e dizem por fim:
— "Então ele traz-nos guardadas,
e depois pagam-lhe assim?"

E vendo, à noite, passar
o sapo cheio de medo,
as flores, para o consolar,
chamam-lhe lindo, em segredo…



Afonso Lopes Vieira (Animais nossos amigos, 1911)


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