sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Os meus livros 13
Com o volume sobre os Açores finaliza-se a colecção "Roteiros da Natureza". No final do mesmo apresenta-se uma lista da bibliografia consultada e um conjunto abrangente de guias da natureza, que permite ao leitor ter uma noção visual e uma súmula da biologia de grande parte das espécies citadas.
Permito-me apresentar de seguida um trecho de Raul Brandão que ilustra com simplicidade e beleza a paisagem açoriana, sua ruralidade e património natural:
[Na ilha azul]
Nos campos, os bois deitados na erva olham para a gente, deixando os estorninhos que lhes pousam nas cabeçorras catar-lhes a mosca. Satisfeitos e calmos não bolem — engordam. Aqui não há pardais, mas o estorninho faz com muita competência o papel do pardal. Pousa nos telhados e anda no campo familiarizado com o lavrador. Outras aves alegram as culturas que descem até ao mar — o pombo bravo, o torcaz e o pombo da rocha, mais pequeno, ambos eles cinzentos, o canário, o tentilhão, o melro preto, o pintassilgo, a vinagreira e a lavandeira, que cobriu as pegadas de Nossa Senhora. A ave negreira, a que o povo chama vinagreira, e é o pássaro mais pequeno da ilha, canta como um rouxinol. Difere da toutinegra, que tem poupinha preta, em ser escura até ao meio do corpo. Dizem os rapazes, que, quando a toutinegra, que em geral põe seis ovos, chega aos sete, do último sai sempre ave negreira.
Raul Bandrão (As Ilhas Desconhecidas, 1926)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário