Pelas terras lavradias
Vão saltando, debicando
As arvéolas luzidias.
E é mesmo uma graça quando,
Tocadas de um raio de sol,
Se erguem dos regos arfando,
Pedindo ao sol que as console…
Alegres, vibráteis, elas
Têm nas pontiagudas asas
Um corte airoso de velas.
E pelas campinas rasas,
Passinho leve, olho esperto,
Como a andar num chão de brasas,
Às horas da lavra é certo.
Vê-las dos sulcos rasgados
Voar e poisar depois,
Ou na espinha dos arados,
Ou nos chavelhos dos bois,
Que impassíveis nem dão tento,
A caminhar dois a dois
Num passo pesado e lento.
Que destino tão diverso
Vêm cumprindo as criaturas
Esparsas pelo Universo:
Sofrem os bois as mais duras
Canseiras todos os dias,
Entre as joviais travessuras
Das arvéolas reinadias.
No entanto eu gosto de vê-las
Quando o sol as várzeas doira,
Dando alegria às courelas,
Palpitações à lavoira
E enchendo de asa e trilos,
Os largos campos tranquilos.
Conde de Monsaraz (Lira de Outono, 1954)
Vão saltando, debicando
As arvéolas luzidias.
E é mesmo uma graça quando,
Tocadas de um raio de sol,
Se erguem dos regos arfando,
Pedindo ao sol que as console…
Alegres, vibráteis, elas
Têm nas pontiagudas asas
Um corte airoso de velas.
E pelas campinas rasas,
Passinho leve, olho esperto,
Como a andar num chão de brasas,
Às horas da lavra é certo.
Vê-las dos sulcos rasgados
Voar e poisar depois,
Ou na espinha dos arados,
Ou nos chavelhos dos bois,
Que impassíveis nem dão tento,
A caminhar dois a dois
Num passo pesado e lento.
Que destino tão diverso
Vêm cumprindo as criaturas
Esparsas pelo Universo:
Sofrem os bois as mais duras
Canseiras todos os dias,
Entre as joviais travessuras
Das arvéolas reinadias.
No entanto eu gosto de vê-las
Quando o sol as várzeas doira,
Dando alegria às courelas,
Palpitações à lavoira
E enchendo de asa e trilos,
Os largos campos tranquilos.
Conde de Monsaraz (Lira de Outono, 1954)
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