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quarta-feira, 25 de julho de 2007

Mértola


Paisagem típica do concelho de Mértola: pousios-pastagem e manchas de esteval. Na segunda imagem vê-se, ao fundo, a serra de Alvares (Penilhos) [© AnPena 2007]

Tinha de ser! Há mais de 20 anos, ainda antes de Portugal entrar para a então Comunidade Económica Europeia (CEE), entre nós, sócios da Naturibérica, Lda., discutíamos sobre o que poderia acontecer no concelho de Mértola de muito negativo e na altura só nos ocorreu pensar que uma área tão vasta, com solos paupérrimos de fraca (ou nula) aptidão agrícola e até de diminuta aptidão florestal, longe de tudo, de baixíssima densidade populacional, se "arriscava" a atrair industrias extremamente poluidoras que poderiam fazer o seu "trabalho sujo" à vontade pois ninguém se iria queixar.
Hoje li uma notícia preocupante. Parece que por razões de segurança, seja qual for a opção para o novo aeroporto de Lisboa, o campo de tiro de Alcochete vai ter que sair de onde se encontra e a hipótese que já corre pelos meios militares é a do concelho de Mértola que teria uma localização ideal justamente devido às suas características populacionais e agro-florestais.
Pois foi exactamente devido a elas e ao facto de ter aqui existido durante séculos uma actividade agrícola e uma silvopastorícia extensivas, de fraca incorporação tecnológica, que até hoje se manteve neste território um dos mais ricos patrimónios naturais de Portugal, que aliás esteve na base da criação do Parque Natural do Vale do Guadiana.
Não sei se as nossas Forças Armadas precisam de um campo de tiro onde, por exemplo, jactos em voo rasante lançarão bombas sobre terrenos que alguns denominarão de estéreis, de improdutivos, mas que acolhem uma comunidade de avifauna estepária de grande valor de conservação. Sei, porém, que quanto à localização de actividades polémicas e de grande impacto funciona naturalmente a política do nimby (not in my back yard). Ficarei atento a novos desenvolvimentos e sobretudo à reacção das ONGs ambientalistas.


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